terça-feira, 28 de junho de 2011

O mato

     O homem tinha um enorme terreno, onde ele queria cultivar um jardim. Comprou uma mudinha, a primeira de muitas, que ele desejava comprar para poder montar um jardim. Plantou essa mudinha bem no centro do terreno.
     No dia seguinte, o homem quando acordara fora olhar como estava a mudinha, ela havia crescido consideravelmente e outras plantinhas brotavam ao redor da muda.
     No final do dia, quando o homem chegara, vira que a muda havia crescido mais, e havia mais plantas ao redor dela. Quando fora aguar, a muda fez um movimento independente e crescera instantaneamente, e a expressão do homem foi de surpresa.
     “Mas... o que é isso?”, foi o que ele disse ao ver que a mudinha, que há dois dias atrás tinha cerca de sete centímetros, estava com mais de trinta centímetros. Era assustador a velocidade com que aquela muda crescia e que as plantas ao redor aumentavam de tamanho e de quantidade.
     Haviam passados dois dias e o homem apenas assistia ao crescimento das plantas, nada fazia. Ele até tentou, quando a muda já tinha mais de dois metros ele decidiu cortá-la para ver se as plantas ao redor também iriam morrer, mas dois dias após a muda estava do mesmo tamanho, e as plantas ao redor haviam aumentado de quantidade, tinham tomado todo o terreno. Estava um verdadeiro matagal.
     “Pior não pode ficar”.
     O homem estava totalmente errado, o mato continuou a crescer de altura, já havia ultrapassado a altura do muro de cinco metros e estava tomando conta de toda a casa. Ao ver até onde a situação havia chegado, ele pegou um facão e tentou cortar uma das plantas, mas foi inútil, o caule daquelas plantas pareciam ser feitos de ferro, era impossível cortá-los, por mais que tentasse, o homem não conseguiu sequer fazer um arranhão na planta. Ele, ainda com o mesmo facão, foi para o centro do terreno, para a planta que começou tudo, e inúmeras vezes tentou cortar o caule, conseguiu apenas fazer pequenos arranhões. A expressão do homem já não foi de surpresa, e sim de raiva.
     Ele já não podia fazer mais nada, então ligou para uma casa de semente, onde conseguiu um técnico.
     “Que planta é essa?”, perguntou o homem.
     “Eu não sei, nunca vi algo parecido” retrucou o técnico.
     “Como assim nunca viu algo parecido?”.
     “O senhor já tentou cortá-la alguma vez?”.   
    “Impossível”.
     O técnico retirou da bolsa uma tesoura especial para cortar caules fortes. Por mais força que fizesse não conseguia cortá-la.
     “Há quanto tempo essas plantas começaram a aparecer?”.
     “Não há muito tempo, há nove dias”.
     “Como?”.
     “Nove dias, desde que comprei uma mudinha, aquela” ele apontou para a mais alta das plantas.
     “Eu não conheço nenhuma espécie de vegetal que teria capacidade de se reproduzir desse jeito em tão pouco tempo”, o técnico se virou com uma cara de fracasso e falou, “Me desculpe senhor, mas eu não posso fazer nada pelo senhor”, ele devolveu o dinheiro que o homem já havia pago.
     “Então... Obrigado”, disse ele, mas o técnico não olhou para trás, apenas saiu com o fracasso estampado no rosto.
     O jeito seria que o homem tomasse uma providência logo, pois já não aquentava os vizinhos, que viviam aperreando, para que desse um jeito, pois o mato também já tomava conta das casas vizinhas. Ele então pegou uma pá e foi até a planta “rainha” e cavou, cavou e cavou, até a raiz da planta, puxou e tentou cortar com o facão, mas a raiz parecia ainda mais forte que o caule.
     O homem já muito cansado tentou sair dali, apenas tentou, pois não conseguiu, não encontrou saída, já estava sem volta. Ele por um tempo ficou desesperado, apenas por um tempo, pois depois já não tinha forças para se agüentar em pé, então deitou e adormeceu no meio daquele mato.
     Após acordar, as plantas já estavam com cerca de cinco metros e o homem viu que das plantas brotava um fruto, lindo, brilhoso, grande, vermelho e a primeira vista suculento, ele não resistiu, subiu na planta e pegou o fruto e viu que realmente era tão suculento quanto pensava, nunca havia provado algo tão delicioso. Ele também descobriu que cada planta possuía a sua bolsa d’água, e dali que ele bebeu a água e saciou sua sede e sua fome, a água era pura e tinha um sabor esplêndido. Havia também insetos enormes e estranhos, mas não faziam mal algum a homem, mesmo quando ele ameaçava atacar.Ele estava vivendo no paraíso, com tudo que aquelas plantas lhe ofereciam, dava muito bem para que sobrevivesse por décadas.
     As plantas continuaram a se alastrar pelos cantos da casa do homem, as casas vizinhas também foram tomadas pelas plantas, que com pouco tempo já tomavam conta de todo bairro, e as plantas continuaram a se espalhar por toda a cidade. O governo tomava várias providências, mas nada impedia a devastação daquelas plantas, foram postas cercas de ferro, usadas grandes quantidades de venenos, o governo tentou até mesmo queimar toda a área, mas nada resolvia o problema. Os habitantes da cidade mudaram-se para outras cidades vizinhas. A única pessoa que ainda permaneceu na cidade foi o homem que começou tudo isso.
     As pessoas não sabiam que estavam fugindo do paraíso.
     Mas o homem sabia que estava muito bem ali, pois não há nada melhor do que o paraíso. A jornada daquele homem naquele extraordinário lugar estava apenas começando.

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