domingo, 28 de outubro de 2012

Não amar

É o desespero sem medo,
é a emoção sem sensações,
é viver sem sentimento.
Tudo é tão menos
quando é sem você.
Mal posso viver,
mal posso querer,
posso apenas escrever

sábado, 27 de outubro de 2012

Quase existes

Nosso amor que mal existe é triste e inexiste na própria vontade de ser,
vontade quase igual à de morrer.
Esse amor a quem escrevo, um alcoviteiro, destruído quase por inteiro,
amor que entrego a quem não conheço
e escrevo a ti - tu que não me tens, nem te tens, por não ser, não viver.
Eu tento te abraçar, te enxergar na claridade desta escuridão infinita,
eu tento de tudo para te sentir, mas apenas consigo cair na tentativa de amar,
tentativa de me aproximar, respirar o teu mesmo ar.
Mas não és, não podes,
te vejo apenas no reflexo distorcido de outras imagens confusas,
imagens que desconheço e tento imitar
nas linhas que escrevo, no quase amar

domingo, 21 de outubro de 2012

A louca dança das palavras

GRITARGRITARGRITARGRITARÁ!
AMARAMARÁ!
FAZERFAZEREVERECEBERECADOMISSOBRASIL!
seretomadoratordoadorar.
Traficarficarmaralarebaterça-feira,quarta-feiralontem.
EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEpEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE
SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSoSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
CCCCCCCCCCCCCCCCCCeCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCC
RRRRRRRRRRRRRRRRRRtRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEiEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE
VVVVVVVVVVVVVVVVVVVVzVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVV
EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEaEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE
RRRRRRRRRRRRRRRRRRrRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR.
braziLindoINDOVINDORGULHO.
ROMAROMAMOR

Paixão-servidão

Tu és meu muso eterno,
minha única consolação desta vida, deste coração.
Tu és minha poesia infinita, a materialização das rimas mal articuladas,
a justaposição dos versos desafinados a que me entrego e renego,
és o novo antigo que me admira e me faz tentar ser tanto quanto nunca poderei ser,
me faz conquistar uma fortuna imaginária de substantivos nossos,
substantivos que regam os adjetivos-raízes de nossa paixão.
Teu corpo forte e denso é a poesia imagética que me atrai para essa beleza magnética,
me leva àquele outro lugar em que me refugio na sensação de te ter,
de poder te querer, poder te amar livremente e inconsequentemente.
Teus músculos esculpidos pela arte mais celestial me chamam 
para te amar com toda força possível - leal e vital.
Te peço que me abrace e me beije desesperadamente,
te peço que me consuma na mais verdadeira paixão carnal,
em nosso único particular e plural carnaval.
Te consumo também em minha imaginação, fisicamente,
como se fosses o único produto que encontro e que vejo,
me entrego subitamente a esse amor, 
te sirvo como uma súdita, uma escrava da vida, serva do amor necessário
- o amor mortal no qual espero me sufocar e morrer,
o amor que espero em um outro eu nascer

sábado, 20 de outubro de 2012

Obrigação de cada coração, cada costureiro que se costura quase por inteiro, que se faz num canteiro chamado poesia

Nas amarras vitais
me refugio entre costuras cotidianas,
me construo em tecidos raros.
Me costuro nas nossas intimidades,
me faço nesses laços gigantescos
que interligam os desejos contraditórios
e migram para a força de viver,
a força de fazer acontecer pelo escrever,
força de continuar pelo costurar,
força de cantar pelo precisar

Melosamente te necessito, quase evito

Não te entender é o que me faz te querer,
o não te ter é o que me faz te amar,
cantar cada palavra como se fosse nova.
O não poder te abraçar é o que me faz lembrar que há esse amor
impossível de entender,
impossível de escrever.
O não poder te beijar é o que me faz pensar que és tudo que tanto preciso
e sempre busquei
sem saber ao certo o que buscava.
O não te ver me faz te escrever,
não te tocar me faz te cantar,
não te observar me faz te desejar

Nada além de nada

Hoje me deu uma vontade imensa de escrever
desesperadamente e impossivelmente,
escrever continuamente em linhas tortas,
em ideias mortas,
escrever em versos imaginários,
escrever em adjetivos vários,
escrever em lucrativos pedaços
os laços que me ligam a algo
que nunca entendo, nunca emendo e nem mesmo escrevendo sei o que é,
o que nunca sei se é ou não é.
Eu preciso continuar, sem parar, cantar sem falar,
amar sem necessitar, lembrar com o esquecer,
eu preciso escrever.
E as palavras me pesam, me torturam,
as palavras me perseguem,
infernizam meu inferno eterno,
criam problemas inexistentes e persistentes
numa lógica paraconsistente, uma lógica moderna.
O poema me sangra,
o poema chora e me afogo nas lágrimas densas, concentradas da poesia
que de nada tem a alegria obrigatória e nego, me desapego do que já sei como o que nunca saberei.
Absolutamente sou nada na madrugada perpétua de escrever,
absolutamente nada sou na madrugada imortal de viver,
perpetuamente sofro na solidão de ser,
obrigatoriamente me alegro na esperança de morrer.
Tudo me serve apenas no resumido documento ilegal:
a não-ciência, a displicência duma consciência sem experiência.
Se escrevo ou se vivo não é por querer,
não é por amar,
é por precisar, por ser dever.
Feliz não sou,
pareço apenas
- justamente por não o ser,
justamente por não poder.
Enlouqueço-me nos períodos que não se anexam,
nos sentidos que não se completam
e se detestam.
Me ponho em meus ossos como se não houvesse músculos
que se retesam,
como se houvesse sangue apenas,
sangue que é o sentimento de não saber o que é ser
e querer viver como se não existisse o morrer,
como se só existisse o escrever,
tento não ser o que tanto preciso ser,
viver como sempre quis viver,
mas a conjugação verbal me retorna ao estado infernal que tanto me ponho,
ao que tento tanto escapar e inutilmente fugir para o meu próprio lugar,
ao que tanto quero te falar e precisamente cair em tua cama de amar,
esse vão que não te entendes
e te adora em teus momentos tão nossos,
tua qualidade inigualável,
tua necessidade incomparável de querer uma outra pessoa,
uma outra coisa que destoa
nessa confusão a que se segue o nosso eu,
pois sou o que és em mim,
és o que sou em ti.
Da obviedade te mostro toda complexidade virginal e marginal
do que é intocável a nossas pequenas mãos,
intolerável ao nosso coração embalado pela canção
inundada pelas oxítonas sensitivas,
as paroxítonas amorosas
que nos permeiam nessas proparoxítonas comestíveis
(as irregularidades irresistíveis e invisíveis dos verbos
gravados na madeira do lugar que nos encontramos tão desencontrados).
Não é voluntária minha decisão de me entregar e confessar
a necessidade de viver na consequência constante de escrever

O burguês andarilho

Apesar de seguir na mesma direção confusa dos trilhos,
me sinto num ciclo oval, num infinto lamaçal.
E eu sigo as setas invisíveis que clareiam o céu,
sorrio para a lua que me sorri em sua clareza,
crio para mim um eu que sempre me deu
um outro mundo para viver,
um outro mundo para morar,
um outro tudo para cantar,
um outro nada para amar.
E eu penso para um lado,
penso o outro lado,
repenso a vida destemida a que me entreguei,
a que me criei, em que te inventei para que fosses um outro
não igual a qualquer um,
diferentemente do que todos outros já foram
diferentes.
Eu me pus em ti, nesse pus poético,
inchado de letras,
embebecido nas pontuações sem emoções
musicais, emoções banais
que nada parecem com essas distrações ciumentas
ou com a tal felicidade minha que tanto atormentas

Meu eu desamado

O amor me desfez numa vez desencantada,
o amor me desfez duma tez desenfreada,
meu amor odiado,
meu amor desolado.
Meu grande amor sou eu,
meu grande amor nunca me amou,
meu grande amor nunca me teve,
eu nunca tive um amor,
só me foi dor e dor e dor,
com o calor das palavras desalmadas,
com o clamor dos destroços de todos lados,
com os sujos substantivos enlameados.
Meu amor nunca foi de verdade amor,
sempre foi uma vaidade cheia de dor
- vaidade dolorosa
(dor vaidosa).

Eu não me chamo mais pelo nome,
não me quero mais como sou,
não me ouço mais em minhas palavras,
não me tenho mais em mim.

Eu não posso mais nada de mim

Não queria

Eu não queria te amar tanto,
não queria te cantar meu pranto,
não queria me guardar teu canto.
Eu não queria este amor
nem toda a dor que nele jaz
- da paz que nos faz o cais entre ódio e paixão -,
sofrimento de todos nossos tormentos,
figura constante em nossos pensamentos.
Loucura incessante nos ossos lentos
do viver, do não ter e não querer,
não saber nem ser

Queria

Eu queria ter mais dessa poesia, viver nessa alegria,
mas nada sou sem tua companhia,
eu queria mais do tudo que posso ter.

Não queria este fim apocalíptico,
inverso de nosso amor - quase fictício,
quase vício.

Eu quero todo teu lero-lero,
quero uma tarde com esse sol amarelo,
quero o que quero e espero te ter em mim,
em nosso fim próximo ao infinito indistinto

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

À margem da passagem

Eu tenho medo de tudo,
tudo é cedo,
tudo é tarde
e arde na contradição de não existir esta canção.
Eu não sei responder nem crer em outra alternativa
que não a de ser e sofrer em uma alma viva,
cheia de ideias nocivas e decisivas
- mães de atos sem segurança,
tentativas sem esperanças

domingo, 14 de outubro de 2012

A alemã que nunca tive à manhã

Tu és o ocidental,
eu sou o oriental
- outra metade perdida
desta terra dividida -,
entre nós há o muro
a nos subjugar
em sua grandeza
na frieza de nossa guerra
sem fim,
nossa Berlim.
E enquanto te armas,
amas o outro diferente que és,
amo o mesmo indiferente que sou,
condenado e submisso
às tuas armas

A dormência de nossa inocência guerreira em inteira guerra

Em cada cadeira a maneira humana
beira a traição ariana
a que serves
e não te serve como princípio,
mas te mata na neve sob a desculpa de teu pecado-vício.
O mesmo conselho te rasga o recado refletido em teus olhos-espelhos
marcados pelos desejos ilícitos alheios,
onde vês o que vejo e reclamas às moscas - moscas que lavam com lamas do sentimento o qual tanto amas. Do povo os ouvidos ouvem os mesmos pedidos repetidos,
direitos quase deveres escondidos ao lado esquerdo de onde guardam os seres
(e não vivem,
não dizem,
não gritam,
irritam,
limitam,
imitam),
os seres que lês nas canções
sem padrões ou distinções
- pedaços dum mesmo todo torto e morto
no lodo poético em que balanças, frenético,
sem mesmo saber ou poder parar para não atrasar
o outro compromisso repulsivo e impossível
de se cumprir no comprimento
curto do tempo-tormento:
o riacho do qual acho as ondas
as quais rondas em tua cabeça
e pedes que cresça nas defesas
em cada nascente torrente no alto da montanha
chamada medo,
em que, sempre cedo,
te vês a morte, o existir,
o ser repugnante que deseja cair - e na queda dormente viver

Tradução sem convicção

Traduzir teu ser é a principal razão do meu viver,
a principal diversão que eu posso ter.
Mas não consigo ver, vir ao teu corpo,
convir  com teus atos,
dizer-te que minto,
condizer com o que sinto.

Me embriago com tuas palavras, me perco dentro desta cúpula de verniz,
enquanto mordo-te o nariz
engulo teu dom de atriz
e domina-me com cada letra que diz
- com o que sempre desejaste
(com o renovador desastre,
a sensação com que ficaste
e sem mim mesmo me deixaste).

Na minha ânsia de amar estrangulei a necessidade de te falar
e me estraguei em tua vaidade de cantar,
me renovei em nossas lágrimas de mar.
Nos óleos corporais, afoguei os olhos mortais
nas eternas orações vitais - as estruturas do amor demais.

E construímos nossa moral sob o infinito coral,
guardião do mal, açucarado de sal,
desmascarado e imortal - base leal de nossa paixão letal

Idoneidade cidadã, vaidade da manhã

O roubo na catedral,
o assalto da paróquia,
a estrada sob o lamaçal,
o meu ultrapassado Nokia.
Mundo de capital, de animal.
O dinheiro sem precisão,
o jornaleiro sem diversão.
O grito das crianças,
o pedido por solidariedade,
a crença em uma nova verdade,
o desejo de novas esperanças.
A música que alarma e desperta,
aperta a alma, acalma tua mão
enfurnada na luva preta perto de meu peito,
tudo me faz lembrar o sempre que nunca aconteceu,
o tudo que sempre guardei em meu nada,
o amor falso que rola sob as rodas dos carros,
que atropela cada transeunte
e funde a massa da cidade,
coberta pelo tempero que nasce da vaidade.
Meus pensamentos ultrapassam o sinal,
colidem com as verdades,
destroem os melhores ideais
em desejos surreais
que não valem dois reais,
em pecados desnecessários
enxaguados por sentimentos vários

sábado, 13 de outubro de 2012

Amor ulterior

Tão solitário tornaste esse pedaço
num mortuário em teu encalço,
dentro de teu pensamento falso
eu pendo e repenso, me faço.
Em teu voo rasante
eu nado em teu peito amante,
encaixo-me no espaço em que não cabes,
me suporto no cabo da na mente em que não caibo.

É para mim que fechas as portas dos portos,
pões os pontos nos pólos desolados, isolados.
É em mim que pontuas tuas palavras paliativas,
pele ativa, olhos desativos.

E em química física
me formo na forma do corpo,
encorporo teus movimentos em modernos sentimentos,
em velhos pensamentos
que ainda não morreram por ter alimentos
nascidos dos desvios
do que era amor e confundiu-se com o que deverias ser paixão,
o que deveras devora meu coração

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Cegamente

Atrás de cada porta de cada casa há um caso,
sobre cada coisa torta há uma outra vitrina
a refletir a menina que foste, a menina que nunca soube patavina,
a menina a quem tanto chamei Marina.

Atrás de cada mulher há uma vida tão máscula
quanto feminina à vida de cada homem em sua cápsula,
como cada cor de artigos sem cláusulas.

E sob o mar há um surreal aquático céu
tão sonhado pelo garoto que tanto chamaram Gabriel,
o garoto de mãos sujas de graxa,
à procura do que nunca se acha.

Dentro de cada nuvem há palavras que surgem e rugem selvagemente
em direção à todas selvagens mentes obscuras, obtusas,
mentes que buscam desentender a única possibilidade de entender
para tentar viver sem sofrer,
como se houvesse alguma esperança de não morrer
ou morrer já criança, sem esperança.

Em toda essa água esverdeada
há, reservada, uma mágoa azulada
para cada órgão que não possa
onde posso.

Em cada beco vejo a ânsia por (noutro coração) solidão,
e é isso que me peço, impeço um outro recesso meu,
não perduro, não perdoo nenhum perdão,
nenhuma recessão, nenhuma concessão.

Nesta terra planto cada tormento
para colher um único pensamento,
me invento entre as rachaduras de rochas,
me incendeio no solo solar - em suas tochas.

Repito o mesmo grito num desejar invicto,
me refugio nos seios desta mata que me mata e cala a mente
num refringente apetite indulgente
que me controla e assola meu corpo
na redoma de ser esse bioma de escrever

Futuro do pretérito sem mérito

Eu nem saberia qual é o dia ou com que poesia eu te diria
a completitude de nossa alegria, o que nos resta da festa passada.
Eu nunca saberia te dizer "Te amo",
nunca aprenderia a te abraçar sem te sufocar,
te beijar sem te machucar,
eu nunca te compreenderia,
nunca aprenderia nada sobre o amor.

Eu nunca seria teu outro completo,
nunca poderia te dar um teto,
eu mesmo nunca seria eu.

Eu não veria as coisas que vês,
nunca quereria as coisas que queres - as coisas com que me feres.

Eu só me apaixonaria,
me feriria nas próprias armadilhas,
me perderia nas minhas gigantes ilhas,
eu mesmo.

Eu te amaria,
gritaria para te ensurdeceres,
pediria que te calasses
para escutares os nossos sussurros incompletos e modestos.

Eu me aproximaria
do infinito tão sensual, tão bonito e consensual.

Mas nunca te daria tudo do que tanto precisas,
tudo que mereces.
Eu ouviria tuas preces, aclamaria tua beleza,
duvidaria das nossas certezas
e construiria destruições,
afirmaria os corações confirmados para serem confinados.

Eu seria tão outro apaixonado,
seria tão mais amado,
te falaria tanto mais que os poemas poderiam concretizar.
Eu te acariciaria num poente, entre nossas mentes,
te atiraria o nada de viver, de se ver,
te apaziguaria os átomos pelos nossos desejos em que vejo a vontade de crescer,
a verdade de nascer contra a vaidade de morrer.

Eu não poderia,
eu não,
mas outro.
Eu amaria,
te viveria

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Desabafo de bafo sem cheiro ou dinheiro

Não sei o que sentir, aonde cair, não sei a quem pedir.
Não posso nada, possuo nada além de mim.
Não conheço os substantivos que nomeiam os sentimentos,
não sei quais os nomes dos meus pensamentos.
Não me dou os nomes certos por não precisá-los,
encará-los.
Me continuo nas próprias palavras - tratado pela psicologia da poesia,
pela lógica doutra ótica que não a real,
noutra lente dum mesmo grau


domingo, 7 de outubro de 2012

A densidade de minha precariedade

Nosso amor nascido da terra não tem nada que preste,
é amor terrestre, nativo,
inativo e sem objetivo.

É amor sem princípio, nascido do vício de ser,
precavido para nascer,
desaparecido se é viver,
o amor que tanto tento, neste movimento lento,
fazer desaparecer - esquecer

Amor nativo, inativo

Eis que sou
o teu outro
tão diferente,
indiferente ao que feres
ou deferes
- ao que permaneço
sem mente,
de frente
à semente
do amor natimorto
(o sentimento torto,
absorto na própria
impossibilidade exagerada
pela nossa vaidade exacerbada)

sábado, 6 de outubro de 2012

Xuxu

Desvirginá-la,
te tirar toda a pureza que possa haver
com a frieza do meu ser
e saber se és tão fiel em cada manhã
- te beijar a face cruel, te beijar tuas maçãs
e te apertar o coração
com o mesmo amargo dum limão
(a outra fruta menos carnosa de tua carne vistosa)