sábado, 29 de outubro de 2011

Sistema

Há muito tempo foi criado o sistema
Com uma ordem de gente crescente,
Em um ritmo decrescente,
Calculando o esquema.

O sistema não respeita ninguém
Com a própria aliança
Sem nenhuma esperança
Nunca espera por alguém.

E sendo que nunca haverá
Algum modo de acabar,
Sem nenhum modo disciplinar
Sem ao menos respeitar
Apenas o próprio respeito.
Fazendo um nono feito,
Comemorando mais um desfeito

Mais um

MOLEQUE: “Pô cara, já falei que a gente é inocente,
Pode ver, não tem nada diferente;
Nós só tava ajudando eles,
Chefiando a droga deles.
Eu falo sério,
Pelo amor de Deus,
Tô falando: só tomo remédio”

MOLEQUE: “Ei, me solta, isso é assédio.
Ei, ei, solta chefia,
Me tira daqui, eu tenho fobia”

MOLEQUE: “Ô poliça, olha pra mim,
Me diz se eu tenho algo de ruim”.

POLIÇA:“Cala a boca, seu vagabundo
Tu num devia tá nem nesse mundo”.

POLIÇA: “Ei pode tirar ele,
Traz ele pra cá,
Porque agora ele vai pagar”.

MOLEQUE: “Não, ei chefia, que faca é essa?
O que tu vai fazer?
Ei, ei, você, é você”

POLIÇA: “Toma isso, desgraçado,
Seu viciado,
Teu destino tá traçado
E pra sempre tu vai ficar calado”

MOLEQUE: “Não, para, por favor;
Eu to com muita dor,
Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaiii,
Acho que, que você, vai fazer
Eu mo...”

POLIÇA: “Leva o corpo pra junto dos outros” 

A passarela cinza

Eu não nasci por querer,
Vim a este mundo sem querer,
Pois já fiz, faço muito
Neste mundo;
Mas ele não me percebe,
Por isso vou passar em branco,
Passar em branco no mundo,
Só vou passar,
Não vou viver.
Só vou passar pelo mundo.
Não vou dizer,
Só vou passar.
Não vou amar,
Só vou passar,
Não vou fazer.
Só vou passar,
Não vou bater,
Só vou passar.
Não vou querer,
Só vou passar.
Não vou escrever,
Só vou passar.
Não vou viver,
Só vou passar.

domingo, 16 de outubro de 2011

Sempre menos, os mesmos sempre

Somos sempre os mesmos
Mas sempre seremos rivais
Apesar dos mesmos medos

Para mudar isso tomei aspirina
E para acordar um pouco de cafeína
Sei que não vou acordar
Nunca vou parar

Todos dizem que estou livre
Todos conquistaram a liberdade
Mas sei que ainda estou preso
Sempre estarei
Não pertenço à verdade
Nunca pertencerei

Mas vivo, ainda viverei
Por isso mesmo tenho liberdade
Preso na prisão, sem penalidade

Uma vez para não versificar

Era só mais uma vez
Que eu queria andar
Para não precisar caminhar
Queria falar para não ter que responder
Eu queria ver para não olhar
Ou poder querer, para não querer
Queria comer, para não vomitar
Queria correr
Para não poder
Chegar em meu lugar

Venho para cá
Para não ir à lá

Vou para lá
Para não poder ficar
Mais um segundo cá


Era só mais uma vez
Que eu queria andar
Para não precisar caminhar
Queria falar para não ter que responder
Eu queria ver para não olhar
Ou poder querer, para não querer
Queria comer, para não vomitar
Queria correr
Para não poder
Chegar em meu lugar

Venho para cá
Para não ir à lá

Vou para lá
Para não poder ficar
Mais um segundo cá


Não
Não vou ficar
Pois quero meu lugar
Então vou perder
Perder você
Perder meu lugar

Quinquagésimo sexto ato

Em um palco, uma flor,
Uma dor, um resto de amor,
Um ator decaído
Num cenário destruído.
Um sopro de vida,
No caminhar do tempo
A hora perdida
Na viagem do vento;
A maquiagem de água;
O cenário de ar,
Uma fala de mágoa.
O som de amar
E a mentira verdadeira
Numa verdade certeira

Em amor o real é amar

Qualquer palavra de amor é amar
É o amar, a essência de viver
Qualquer coisa que disser
Será sinal de amor
Pois ainda na dor
Encontro amor
Qualquer palavra de amor
Fará amar, cantar
Qualquer forma de amor
Ainda será amor
E ela sempre será
A figura, a palavra, o abstrato
Do amor

O fim do começo do fim de mim

À beira mar
Morrendo de fome
Sem respirar
Uma faca na barriga
Um vento seco
Resultado de uma briga
Sem dinheiro
Meio inteiro
Sem palavras de sentido
Cem palavras sem sentido
Cem palavras
Cem sentidos
Sem palavras, sem sentidos
Sem perna ou braço
Sem amor ou abraço
Sem vida
Sem existência
Sem consciência
Sem essência
Termina um começo de um fim
Por mim, perco-me entre mim
Não sou nada entre dois eus
Não faço sentido
Não tenho sentidos
Nada sinto, nada sou

As palavras

As palavras, as letras me seguem
meu ouvido me prende
A música me tem
O teatro me faz
Tear teatro é viver
Escrever é ver, viver
A música é o equilíbrio
Arte é a poesia
Poesia se faz com arte
Vida é poesia
Felicidade, alegria
Amor é arte

Um conselho

     Um conselho que dou a você: NÃO SIGA MUITOS CONSELHOS. Simplesmente não siga muitos conselhos.
     Conselhos são ferramentas que outros nos dispõem, mas nem sempre são ao nosso favor. Por esse motivo deve-se saber quais conselhos (ferramentas) guardar (para após usar) e quais descartar (para não prejudicar).
     Se fossemos seguir todos os conselhos, não seguiríamos nenhum deles. E quando segue conselhos é difícil ser feliz. Não necessite de conselhos, tenha seu próprio pensamento, sua própria linha de raciocínio. Crie a sua filosofia, utilizando-se, é claro, com fragmentos de outras filosofias. Mas não siga muitos conselhos.
     Eu acabei pirando por seguir todos os conselhos que me davam, até perceber que nenhum adiantaria se não tivesse os meus próprios conselhos. A verdade é essa: não devemos escutar os outros, você deve escutar a si próprio, e não a opinião dos outros.
     Se você tem um sonho – não escute ninguém – siga esse sonho, mas repito: às vezes tem que escutar os conselhos, pois nem sempre estamos certos; e esse sonho o qual queiramos alcançar, seja talvez apenas uma ilusão.

sábado, 1 de outubro de 2011

Poemas originais, palavras marginais:
vidas de orgias, todos os dias;
letras poluídas, casas destruídas.
Artes desfeitas, facas de ceitas,
vírgulas jogadas de rimas dadas.
Desfloração de matas, postas em datas,
conceitos de aversão, dum teatro sem coração
e por fim versos desritmados, em erros calculados

A paisagem fotografada

As árvores, fixas, dançam
ao som do vento,
da música do silêncio.
E os pássaros cantam,
a melodia desse canto
da valsa, viva, eterna.
Enquanto o palco, a terra,
observa e sente
a arte acontecer
Para mim as pessoas estão cantando a toda hora,
todos estão sempre dançando o agora;
todos criam poemas em suas cabeças
e o dia a dia nos diz: "me esqueça".
O som dos carros, da água, da cidade
é música tocando a felicidade.
Todos, tudo, está cantando,
cada um está dançando
aqui nesse palco improvisado
atores, em si, atuando
dirigidos por um deus desalmado

Oração do ator


Eu serei eu, o que sofre e sente,
de todo o teatro farei parte
e enveredarei, mesmo no que mente,
toda a beleza desta arte.
No palco viverei, eu, ator,
amarei, assim, por toda eternidade
e me farei forte em face da dor;
conseguirei ser, sem vê-la, a felicidade
e escutarei, gritarei para toda a plateia
que se faça pete de mim
e comigo atue esta insensata ideia
até que me chegue um fim, sem fim,
indireto, apontado por essa seta
e alguém sussurre: "merda"