segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Inexisto-me

Não sei o que acontece comigo,
Desintegro-me a cada segundo,
Em dois mil e doze perigos
Não reconheço o meu mundo.
Parece-me não ser eu do outro lado,
O espelho já não me reflete,
Sei que há algo de errado
Em mim que me reverte
A não ser o que sou,
Mas pensar o que não penso,
Estar sempre propenso
A esquecer aonde vou.
Já não sou eu quem escrevo,
Já não sou eu quem sou,
Já não sou eu.
Não sei, não posso saber
Se não sei o que pensar.
Tenho impressões errôneas,
Intrigo-me com os opostos,
Destruo meus destroços sem perceber.
Qual é o meu mundo?
Quem sou eu?
Entupo-me de perguntas,
Não as respondo,
Ponho cada um em canto esquecido
E em um instante me vejo perdido,
Me vejo tentando encontrar algo
Que nunca perdi,
Tento lembrar o que nunca aprendi.
Eu tento e tento,
Mas não entendo.
Estou em mim sem um pedaço de mim,
Sem fim, deitado em um jardim
Ao cheiro dos jasmins
Eu escrevo tentando algo
Que já não sei o que é,
Mas continuo tentando,
Existindo em minha inexistência

Nuvens de papel

As palavras estão empilhadas,
Os poemas se sustentam
Sobre si mesmos,
Sobre essas palavras cruzadas.
Nos papéis do livro,
Formo aviões de papel
Formados por pedaços do céu,
Formados por palavras.
Planto as sementes da gramática,
Mas as deixo murchar,
Não as deixo durar.
Continuo vivendo e buscando,
Em cada ponto do caminho procurando,
Qual estrela é o futuro da noite,
Em qual nuvem Deus se esconde

Surf do sol

A florzinha murchou,
O sol nasceu,
O dia acabou,
O sol morreu.

A árvore cresceu,
O fruto caiu,
O vento soprou,
O gato saiu,
O pássaro voou.

A onda quebrou,
O surfista nadou,
A onda formou,
O peixe pulou,
O surfista surfou