sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Futuro do pretérito sem mérito

Eu nem saberia qual é o dia ou com que poesia eu te diria
a completitude de nossa alegria, o que nos resta da festa passada.
Eu nunca saberia te dizer "Te amo",
nunca aprenderia a te abraçar sem te sufocar,
te beijar sem te machucar,
eu nunca te compreenderia,
nunca aprenderia nada sobre o amor.

Eu nunca seria teu outro completo,
nunca poderia te dar um teto,
eu mesmo nunca seria eu.

Eu não veria as coisas que vês,
nunca quereria as coisas que queres - as coisas com que me feres.

Eu só me apaixonaria,
me feriria nas próprias armadilhas,
me perderia nas minhas gigantes ilhas,
eu mesmo.

Eu te amaria,
gritaria para te ensurdeceres,
pediria que te calasses
para escutares os nossos sussurros incompletos e modestos.

Eu me aproximaria
do infinito tão sensual, tão bonito e consensual.

Mas nunca te daria tudo do que tanto precisas,
tudo que mereces.
Eu ouviria tuas preces, aclamaria tua beleza,
duvidaria das nossas certezas
e construiria destruições,
afirmaria os corações confirmados para serem confinados.

Eu seria tão outro apaixonado,
seria tão mais amado,
te falaria tanto mais que os poemas poderiam concretizar.
Eu te acariciaria num poente, entre nossas mentes,
te atiraria o nada de viver, de se ver,
te apaziguaria os átomos pelos nossos desejos em que vejo a vontade de crescer,
a verdade de nascer contra a vaidade de morrer.

Eu não poderia,
eu não,
mas outro.
Eu amaria,
te viveria

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