segunda-feira, 27 de junho de 2011

Interrompendo a novela

– Vocês precisam acreditar em mim, por favor, acreditem.
Ali estava ele, defronte uma câmera, com um rosto de seriedade. Havia rendido os funcionários e agora estava transmitindo em rede nacional, interrompendo a novela das oito.
– É necessário fazer algo, acreditem em mim, acreditem.
Policiais entravam na sala de transmissão.
– Você está preso.
Enquanto os policiais algemavam-no, ele replicava.
            – Acreditem! Acreditem! É a última chance!
            – Vamos seu paranóico, cale a boca.
            Após vinte minutos a novela voltou a ser transmitida normalmente.
Na delegacia:
– Mas que história é essa de invadir uma rede televisiva nacional, em pleno horário nobre dizendo que o mundo vai acabar?
– Eu falo a verdade, acredite, é a verdade;
– Afinal, quem é você?
– Eu? Sou engenheiro físico-nuclear.Entendam bem, nós trabalhávamos em uma máquina do tempo, era secreto e...
– Cala a boca, seu maluco! – gritou o delegado, enquanto dava um soco na mesa.
– Eu não sou maluco.
– Cala a boca!
– Pronto, calei.
– Agora responda claramente qual eram suas intenções?
– Eu estou tentando impedir a construção da máquina do...
– Eu não quero saber de máquina do tempo! Eu acho que você é um terrorista?
– Hein? Eu... eu não sou terrorista – um pequeno sorriso surgiu no lado direito do rosto.
– Para mim você não mente seu, idiota.
– Eu não estou mentindo, e também não sou idiota. Olha eu vou falar...
– Cala a boca!
– Cale a boca você! Deixe-me falar. Meu nome é Sam Gordon Henkley, doutor em física-nuclear, chefe do projeto “stop clock” , onde há vinte e um anos tentávamos construir a máquina do tempo, e usávamos sub-partículas produzidas artificialmente e muito perigosas, principalmente táquions e átomos modificados. Há pouco nós conseguimos construí-la e todos os experimentos com objetos deram certos, e naquele dia iríamos fazer teste com humano e o humano era eu, era necessário usar bem mais átomos e partículas, afinal seria um humano. E tanta partícula junta, modificada artificialmente causou uma enorme explosão, e acredito que o único sobrevivente fui eu, quando saí da máquina todos estavam mortos, caídos no chão, vaguei por todos os lugares durante três meses, mas só via mortos, então entrei na máquina e voltei no tempo. Já é a terceira vez que tento salvar todos, mas sempre acaba comigo conversando com você aqui, e não sei como eu sobrevivo. E aqui estou.
– E supostamente, quando essa explosão irá ocorrer?
– Eu não sei mas...
Uma iluminação branca invadiu o local e após passar aquele branco, o corpo do delegado estava no chão.
Ele suspirou.
 – Vou ter que fazer tudo de novo.                             

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