quinta-feira, 12 de julho de 2012

Homem ferido

Eu durmo,
as baratas passeiam entre meu sangue,
o chão imundo me varre
a um mundo de datas presas a Paul-Sartre.
Meus livros não servem mais,
meus poemas decorados já não trazem paz
a meu corpo fuzilado.
Minha força não é o bastante para chorar,
só me resta ouvir os soldados a matar,
só me resta morrer,
mas nem isso eu consigo.
A guerra acontece lá fora
e eu aqui, me preocupando comigo,
pensando em temas e horas,
rejeitando o perigo de continuar vivo.
Já não penso, já não sou,
não existo,
agora só posso
esperar que algum covarde
me mate de verdade

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