quarta-feira, 25 de julho de 2012

Corais corporais imorais

Está tudo escuro, mais negro que o próprio preto,
não enxergo nada além de meus olhos,
tateio chão, parede, tateio qualquer coisa
em busca de tua tatuagem escondida em algum desses escuros.

Tateio, tatuo tudo em procura de ti
por mim ou outro qualquer desfeito e encantado
com todos defeitos feitos pelos pensamentos imperfeitos
sobre teu peito, teu corpo tão perfeito.

Na cama, sob lençóis tão brancos e alvos
jaz aquela ideia antiga e obscura
da procura de nossos abraços melados entre beijos,
leitura de nós, nossos olhados beijados por todos pecados
aperfeiçoados e dados aos amados nunca casados.

Me resguardo parado a te observar
pela frecha da vida cotidiana, insana
tu me chamas entre as chamas para, com lama,
destruir o fogo morno em que cantas tantas façanhas
dos infelizes e infiéis índios indispostos a indagar
qualquer que seja a independência, ínfima e indireta
em todos próprios íntimos infinitos.

Do nosso quarto ouço todo o barulho
do bagulho de toda uma vida lá fora,
a rua que vive para a lua, nua entre suas duas estrelas agora
expectadoras e oradoras do enorme avião que passa sobre chão
e não se mãos dos guardiões das mineradoras tolas desbravadoras.

No teu  corpo vejo imagens formando-se acima dum mundo novo,
sinto todos os sentidos acenando e falando, de forma irregular, sob mar.

Pelos prazeres nos vem uma louca sincronia de toda poesia,
de depressão, de alegria de coração,
nos ouve uma sinfonia sem vida real ou moral.
Rolamos, enrolamo-nos nas peles secundárias,
gastas entre diárias sem valor e sem amor, mas comunitárias e salafrárias.

Nos ouço pelo espelho do banheiro e vejo pouco do muito dentre nós,
paro e peço que pare por um instante desconfortante
para que, diante do teu semblante, eu escreva
dentre tantos outros ainda apaixonantes
mais um destes poemas errantes

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