Todos os dias, Pedro ia para algum lugar ver – aliás, admirar – o pôr-do-sol, às vezes ele ia para o campo, para a praia, para a serra, fosse qual fosse o lugar, o importante era admirar o sol. E após ele voltar para a casa, escrevia páginas e páginas de louvor ao sol. Ele amava o sol, e o sol também parecia amá-lo.
Ana amava Pedro, sempre indo atrás dele, ela era linda, educada, um amor de pessoa, mas Pedro nunca percebeu isso, pois ele não via nada além do sol, achava que o amor de Ana era apenas amizade. Ela sabia que o amor de Pedro era o sol, fazia de tudo para ocupar o lugar do sol no coração dele. Ana sempre tentava ficar ao seu lado de dia, mas de dia ele estava admirando o sol, então devia ser de noite, mas de noite Pedro estava escrevendo sem parar, ele estava sempre ocupado com o sol, sete dias por semana e vinte e quatro horas por dia.
Ao perceber o amor de Ana, Pedro viu que o amor que ele sentia por ela era maior que o amor que sentia pelo sol.
O sol esperou o dia todo, mas ele não chegou Pedro havia esquecido do sol, seu amor era outro.
O sol a cada dia estava mais fraco, a cada dia sua luz diminuía e o seu calor também. Houve um dia que o sol, de tamanha depressão, não apareceu, e a lua teve de trabalhar o dia inteiro, no caso, a noite inteira.
No dia seguinte o sol voltou a brilhar, mais reluzente do que nunca. O sol havia arranjado um novo admirador. E Pedro havia arranjando uma nova admiração.
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