Nas minas, escavadores escavam
Encontram, tentam e procuram
Mas nunca encontram
O que deveriam encontrar
Encontram terra, encontram ar
Encontram morte
Rezam para a sorte
Procuram e escavam
Mas mineradores nunca encontram
Nas minas não há o que devia haver
Olham, mas não conseguem ver
Perdem-se, e morrem
São presos sob a terra
Vivem escavando
Vivem andando
Mas o que procuram não está ali
Ali só há eles, só tem terra e sujeira
Procuram, mas não vão encontrar
Pois tudo que havia pra se esgotar
Um dia, há pouco tempo, esgotou
Só o horror ali restou
Mas ainda trabalham
Pois são os últimos que morrem
Mas um dia, sempre morrem
Trabalham para os homens
Que tentam plantar o dinheiro
Pois isso é o único verde
Que se pode ver
Mas ainda há esperança,
Ela é a última que morre
Mas sempre morre
Mas ainda há esperança
De o céu voltar a ser azul
De o mar deixar de ser preto
De árvores aparecerem no sul
É por isso que rezamos o credo
Rezamos todo dia, o dia todo
Sempre rezando, pedindo
Andando, falando e conversando
Humanos pedem para uma força maior
Para tudo voltar a ser como era antes
Para poder escutar-se aquele mesmo dó
Andamos armados, despreparados
Queremos ver tudo de novo
Mas não há nada novo
Só há mineradores
Escondendo suas dores
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