Enquanto acordava, escutou:
- Bom dia, flor-do-dia. Vamos fugir para outro lugar, baby.
- Bom dia, ando tão confuso, ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar.
- O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.
Beijaram-se, de lábios, de línguas, abraçaram-se.
- Entre no meu carro, nós vamos rodar.
- Seremos passageiros à noite.
- Passearam, beijavam-se nos engarrafamentos, cantavam nos sinais. Mas continuava confuso com o sonho, continuava a perguntar-se, ainda tentava lembrar de algo.
Continuou tentando lembrar até esquecer de lembrar e estar na cama. Eles brincaram, namoraram, transaram. Como dois animais sedentos de carne, suaram, comeram.
Sonhou de novo.
Viu corpos despedaçados, via braços de um casal norueguês, via-se em um espelho, sem braços, somente com um único olhos. Via seringas, sangue, gritos. Sentia o tempo passar, sentia um prazer tortuoso, não entendia, não se reconhecia.
Quando acordou o sonho continuou.
- Eu matei uma pessoa.
Sorriso.
- Eu renasci o amor.
Aproximou-se para beijar.
- Estou falando sério, a polícia deve chegar em dois minutos.
- Então ainda temos tempo de sonhar mais e acordar depois.
Um choro, soluços; um abraço: Dois minutos: A polícia tocou a campainha. Continuaram abraçados. A porta caiu. A polícia entrou. Foram algemados, levados. Dessa vez não acordou
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