Paris está distante agora,
não há mais caminhos, não há como chegar.
Tudo está muito longe,
tudo muito cego.
A chuva arrogante e distante é a mesma chuva que queimou nossas peles no verão,
as nuvens sobrecarregadas são as mesmas nuvens que destruíram nossos topos,
os mesmos topos que copiamos em cada edifício como se fosse fazer diferença,
como se fosse mudar algo,
como se fosse algo.
E o vento ainda canta aquela canção que já nos encantou,
a canção que não decoramos, não lembramos, não nos alegramos quando a ouvimos,
a mesma canção de sempre que as árvores costumavam parar para ouvir,
os pássaros baixavam a cabeça
e nós dançávamos,
nós cantávamos para ninguém ouvir palavra alguma,
nós cantávamos para não ser nada do que precisávamos ser,
nós tentávamos chegar a algum lugar,
algum lugar como Paris,
nós tentávamos.
Mas Paris está distante,
mais distante que qualquer distância,
mais distante que o céu, a vida
num instante infinito distante
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