Não foi o tédio ou o tejo nem nada
que me fez parar para pensar em caminhar,
foi a vida das vidas vistas pelas vidraças do campo,
foram as rodas imundas das máquinas mortas e devastadoras
de todas as coisas urbanas e humanas, de tudo do nosso mundo.
Foi todo esse asfalto perfumado de dinheiro e tinteiro
que me reinventou e tentou me empurrar para outro lugar,
outro navio, outro avião a me aguardar.
Além de tudo há o som perturbador da pertubação de tanta agitação
que me consome de nome em nome, que me faz, do nada, homem,
o som de tantos insetos enjaulados na minha cabeça -
insetos que gritam e procriam ideias sem ideais,
ideias de velas, inundadas da gordura da alma,
da carne do pensamento que me atormenta com tantas tormentas.
Vem também o vazio das palavras que chovem em mim
e me ferem,
todos os guarda-chuvas estão fechados, emperrados,
tudo da gente está enferrujado e molhado do fogo que chamam de morte,
a mesma morte que enxágua o solo fértil do cemitério,
a mesma morte que movimenta o mundo a viver por medo de morrer,
a mesma morte.
E tento me calar cada vez mais,
mas a voz é forte, é morte,
a voz não cansa, dança dentro de mim,
à espera de esperar uma outra coisa que não eu e minhas ideias sem pensamentos,
outra coisa que não eu
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente, critique: