No meio da mata davam para se escutar, os suspiros ofegantes de cansaço dum homem nu, que com passos longos corria, estava obviamente fugindo de algo, talvez estivesse fugindo de uma fera, mas não se podia saber ao certo do que ele corria, nem mesmo ele sabia do que corria. Sabia apenas que devia encontrar um refúgio.
Ocorreu o fato de que o homem nu esbarrou em uma rocha que precedia uma caverna, foi nesse mesmo local que o homem nu entrou, se acolheu. E lá ficou, quieto, em silêncio, imóvel como as pedras, que escondiam o homem nu.
Até que, após um dia inteiro, todo o silêncio foi substituído por uma voz grosa e grave: ”Quem se atreves a entrar pele fachada de meu belo e santo lar?”.
Mesmo assim, o homem nu continuou imóvel, como se nada houvesse acontecido.
“Hei de te matar, criatura desrespeitosa, se não responderes a minha pergunta”, insistia a voz. Mas o homem nu permanecia imóvel. “Responda-me pecador quem és tu, e o que te traz aqui ao meu lar?”, continuava a perguntar a voz aborrecida, irada, furiosa.
“Sois Nemrod, filho de Cuch, e estou refugiado aqui porque fujo de algo que me perseguia, pela mata”, respondeu o homem nu.
“Se és Nemrod,’o valente diante de Javé’,porquê não matou o que te seguia?”, a voz estava mais branda e mais próxima do homem nu, Nemrod.
“Pois eu sentia certo medo daquilo.”, respondeu o homem nu, com certo aflito no fundo dos olhos.
“Talvez fossem os seus pecados que o perseguiam isso é o que um pecador colhe: medo e tenta fugir do destino de seus pecados”, disse a voz.
“Mas, agora que já disse quem sou, diga-me quem vós sois.” Implorou o homem nu.